“Todo o mundo é composto de mudança”

“Todo o mundo é composto de mudança”

“Todo o mundo é composto de mudança”

Luís Vaz de Camões in “Sonetos”

 

A Medicina mudou muito nos últimos anos. Fruto da evolução científica e tecnológica. Dependente das evoluções sociais. Condicionada pela flutuabilidade económica.

 

Causas e consequências, várias interdependências levam, no passar dos tempos, a resultados diferentes, a doentes diferentes e a médicos diferentes. Resultado da sociedade, da economia e da ciência.

 

Alguns dos problemas que assolam a Saúde em Portugal são fruto dessas mudanças e condicionantes.

Esperança média de vida maior e controlo de doenças outrora fatais são conquistas da sociedade e da Medicina, mas transformaram uma população mais envelhecida, com múltiplas patologias crónicas em que um número menor de doentes precisa de mais recursos e atenção.

 

Nesta época paradigmática, nunca tão bons resultados nos indicadores de saúde populacionais ficaram a par de tanta insatisfação, quer dos utentes quer dos profissionais de saúde.

 

Juntando-se, em Portugal e noutros países desenvolvidos, a crise económica ao avanço tecnológico e científico exponencial, os problemas abundam e as soluções ficaram imediatamente disponíveis.

 

Nos próximos anos, as aplicações diagnósticas e terapêuticas que resultam dos avanços científicos e tecnológicos, na genética, na imunologia, na nanotecnologia, na imagiologia, na cirurgia, serão ainda mais rápidas e marcantes.

 

O Médico, as Especialidades, a Medicina estarão a evoluir mais rapidamente que a nossa capacidade de adaptação?

 

É tempo de reflexão, adaptação e procura de novas soluções.

 

A Ordem dos Médicos aproveitará o seu congresso anual, em Lisboa, a 26 e 27 de outubro, para lançar esta discussão dentro da classe. Esperamos que seja um ponto de partida para reflexões mais específicas e encontro de soluções dentro da Medicina para os problemas presentes e futuros.

Este é um congresso em que todos estamos empenhados e que reclama a participação de todos os médicos e decisores. Novos e experientes, superespecialistas e generalistas, centrais ou mais periféricos.

Sejam académicos, cientistas, decisores, políticos ou clínicos, esta discussão interessa a todos e todos devem contribuir.

 

A Medicina Personalizada, o Genoma Humano, os Robôs, a Inteligência Artificial, o Digital, os Hospitais do Futuro terão impacto nas organizações, nos médicos, nos doentes e na Medicina.

Devemos todos pensar e intervir.

 

Heraclito, há 2500 anos, escrevia “A única constante é a Mudança”.

 

Nada mais verdadeiro na Medicina. Resta saber se os médicos ainda podem decidir algo neste rumo e como se podem preparar para as mudanças que já se adivinham.

 

Somos médicos e continuamos a ser uma constante na Medicina. E isso não pode mudar.

 

Alexandre Valentim Lourenço

Presidente do Conselho Regional do Sul



29 de outubro de 2018

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