O lançamento da obra decorreu no dia 22 de abril, ao final da tarde, no Auditório da Ordem dos Médicos, que se encheu para o efeito. Miguel Guimarães, que fez o discurso de abertura, sublinhou que João Lobo Antunes "foi médico, investigador, fez programas de televisão intervenção social e política quando assim o entendeu"
Presente, estava, de resto, Aníbal Cavaco Silva, de quem o médico foi mandatário nacional nas duas candidaturas à Presidência da República, em 2016 e 2011, sendo depois designado para o Conselho de Estado sucessivamente nesses mandatos.
O editor da Gradiva Publicações, Guilherme Valente, que interveio a seguir ao Bastonário, manifestou a sua satisfação por ter publicado o livro "de acordo com tudo o que o seu amigo queria que fizesse", sublinhando-lhe a "sensibilidade finíssima e a grandeza de alma".
Bicha Castelo, amigo de João Lobo Antunes desde a infância, abordou, numa longa intervenção, os aspetos pessoais e profissionais, muitos deles partilhados por ambos nos bancos da faculdade e depois como médicos no Hospital de Santa Maria. Para além de revelar a tristeza pela morte do amigo, Bicha Castelo manifestou regozijo pelo livro que João Lobo Antunes deixou escrito, revelador da sua "inteligente e elegante escrita".
Duas das filhas de João Lobo Antunes intervieram também na sessão. Primeiro Margarida, que se dirigiu aos muitos amigos ali presentes, garantindo-lhes que foram todos eles que "o impeliram para voar mais alto" e abordou muitos aspetos da importância que o pai tinha na família, quer enquanto viveram nos Estados Unidos - de onde recordou episódios muito saborosos da sua infância com o pai - quer depois na vida em Lisboa. Paula, a seguir, recordou que o pai "era uma pessoa muito generosa", destacando esse traço de carácter em contraponto a alguma vaidade que lhe era reconhecida, embora essa atitude tivesse fundamentação.
Maria do Céu Machado, que foi casada com João Lobo Antunes nos últimos 15 anos da sua vida, encerrou as intervenções, considerando que esse tempo foi de intensa vivência e que o livro revela "a escrita saborosa, sempre cheia de metáforas", que lhe era reconhecida.